sábado, 3 de março de 2012

FAHRENHEIT 451

                        FAHRENHEIT 451 – Ray Bradbury – 22 de agosto de 1920

                                        
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Categoria: Ficção norte-americana
Idioma original: Inglês
Tradução: Cid Knipel
Editora: Editora Globo
Título Original: Fahrenheit 451
Leitura realizada entre os dias 10 e 20 de setembro
            Esta obra de ficção do escritor americano Ray Bradbury parece ter sido criada especificamente para nossa época. Isso não porque estejamos tendo para com os livros uma atitude semelhante àquela da história, mas porque, em contrapartida, temos desprezado os livros em nossa sociedade.
            Montag é um bombeiro que trabalha na vigilância da cidade onde mora. Seu serviço essencial é o de monitorar a existência de livros nas casas. Quase sempre, se tais livros são descobertos por acaso ou por denuncia de alguém, imediatamente os bombeiros são enviados para lá a fim de queimar, tanto a casa com os livros, quanto seus proprietários.
            Fahrenheit 451 é, de certa forma, uma referência ao acontecido em 1933, QUANDO OS NAZISTAS queimaram em praça pública livros de escritores e intelectuais como Marx, Kafka, Thomas Mann, Albert Einstein e Freud, o criador da psicanálise fez o seguinte comentário a seu amigo Ernest Jones: "Que progressos estamos fazendo. Na Idade Média, teriam queimado a mim; hoje em dia, eles se contentam em queimar meus livros" (citação do prefácio do livro, pg. 13).
            A história tem início com a descrição do prazer sentido pelo bombeiro ao queimar livros. Montag gosta do que faz e sente como se tivesse sido talhado para essa atividade. Nessa época, ainda não pairara sobre ele qualquer reflexão a respeito de suas reais predisposições para tal empreendimento.
            Montag tem o olhar voltado apenas para sua atividade, já não sente que haja algum significado na vida além daquele que lhe foi ensinado, ou seja, o trabalho de queimar livros. Nesse contexto encontra-se pela primeira vez com sua vizinha Clarisse e, por iniciativa dela, acaba sujeitando-se a um diálogo no trem.
            Clarisse, como oposto de Montag, é uma moça que acredita no futuro e gosta das coisas simples da vida como o cantar de um pássaro, o perfume das flores e etc. Ela não se deixa contaminar pelas sensações radicais de seu país e expressa, durante a conversa com o bombeiro, uma série de conceitos interessantes, inclusive a respeito da educação. Instada a responder a respeito da escola, Clarisse observa: "_ Dizem que sou antissocial. Não me misturo. É tão estranho. Na verdade, eu sou muito social. Tudo depende do que você entende por social, não é? Social para mim significa conversar com você sobre coisas como esta. – Ou falar sobre quanto o mundo é estranho. É agradável estar com as pessoas. Mas não vejo o que há de social em um juntar um grupo de pessoas e depois não deixá-las falar, você não acha?" (Pg. 51).
            Os mundos de Montag e Clarisse são antagônicos no que diz respeito à forma como cada um enxerga a vida e se deixa levar por ela. Montag é um servidor público, disposto a obedecer sem questionar. Clarisse, em contrapartida, é uma moça aguerrida que questiona tudo, embora, evidentemente, deva esconder no anonimato sua preferência por livros e afins, algo proibido em seu contexto social.  
            A história vai se precipitando num imenso caudal de perseguições às pessoas que possuem livros e são denunciadas por isso. Montag, durante as incursões às casas dos infratores, vai recolhendo para sua biblioteca pessoal os exemplares que considera mais importantes. Aos poucos seu espólio particular está repleto de obras clássicas, inclusive uma do próprio escritor Ray Bradbury que, evidentemente, acabou se incluindo na história.
            Durante uma reunião em sua casa, entusiasmado, Montag acaba lendo para as amigas de sua esposa uma sequência de poemas sentimentalistas que terminam por fazer uma delas chorar, algo impensável numa sociedade onde as manifestações de sentimento são proibidas. A partir dessa experiência Montag praticamente se entrega ao ostracismo social, pois as amigas de sua esposa se despedem sem nem sequer olhar para ele. Logo, o alto comando dos bombeiros fica ciente desses acontecimentos e prepara uma cilada para ele. Durante mais uma saída à caça de livros, ele é surpreendido tendo sua própria casa à mercê da justiça. A partir daí inicia-se uma sucessão de acontecimentos que o precipitarão inevitavelmente nas garras do inimigo.
            Montag de perseguidor torna-se perseguido indo, por fim, se aliar a algumas pessoas que estão escondidas na floresta por causa de suas convicções referentes à leitura. Lá ele descobre uma organização, formada por fugitivos da lei, de pessoas empenhadas em manter viva a chama da leitura. Tais pessoas, por não poderem contrariar a lei da nação, decidem decorar trechos inteiros de obras que, dessa forma, poderão ser conservadas na mente. Os homens tornam-se livros ambulantes, apelidados com o nome das obras decoradas.

Um comentário:

  1. Muito interessante! Recomendo o filme "Equilibrium", tem um roteiro parecido.

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