Pega, enrola e “viaja.”
Disse o homem pro menino sem nome.
Ele se escondeu atrás do muro da escola
E olhou ressabiado ao redor.
As primeiras estrelas cintilando no céu,
As nuvens coloridas num tom dourado
Semelhantes a um bocado de mel.
O sentimento inicial foi de fraqueza.
Depois um sorriso amarelo perpassou os lábios do menino.
Fisgado feito peixe no anzol ele continuou sorrindo,
E os lábios trêmulos balbuciavam insanidades
Luzes brancas e azuis, tremeluzentes,
Incendiando as luzes da cidade.
O garoto recostou-se feliz
E deixou ficar o peito cheio.
Na mão inda um pedacinho de giz
Que apanhara pra brincar no recreio
Mas a brincadeira acabou.
Pega, enrola e “vaza.”
Dizia agora o homenzarrão.
Um pouco destoante da “delicadeza” de outrora
Deixando entrever a arma no cinturão.
O menino sem nome ‘inda olhava ao redor
Mas já sem prestar muita atenção.
Pega, enrola e “viaja”
Do mundo infantil
Pro mundo da naja
Que a droga é serpente
Rastejante e envolvente.
Pega, enrola e “vaza”
Que o tiro é fatal
E quando não mata
Confina num hospital.
E vai destruindo, infindo
E coisa... e tal.
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