segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Aguilhão da existência



Quando eu morrer, passa lá no meu jazigo...
Mas... eu não quero morrer!
Não quero que meu corpo se extinga
Junto ás folhas secas
Numa redoma de catinga...
Não quero que os urubus do tempo
Levem minhas partículas
Transformadas em bolhas...
Nem que o sol escaldante
Faça renascer meus sonhos
Num mundaréu de folhas...

Oh, triste noite que açoita a existência!!!
Triste gole último que faz bambear as pernas
Num fraco resfolego de saudade...
Quantas lágrimas seriam revertidas em alegria
Se pudéssemos galgar os séculos
Num remontar contínuo de idades...
Se pudéssemos varrer o passar dos anos
Num lento caminhar de eternidade.

Mas não, hei de morrer...
E todos os meus sonhos ficarão espalhados pelo caminho...
Serão como cinzas que o vento leva
E joga sobre a cruz de pinho...
Serão apenas registros
Apenas sinais que o tempo amortalha
Que indelevelmente a vida absorve
E lança inexorável no canto escuro da estrada.

Hei de morrer e ter todos os meus objetivos interrompidos,
Todos os planos traçados sobre plana folha de papel
Contorcer-se-ão no tortuoso destino que me aguarda...
E para sempre serei uma marca,
Um sinal,
Um nada...




                                                                                                                      12/12/2008

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