De uma história contada em Brasília de Minas por um sitiante
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_ Eu tavo chegano do trabaio, mas in antes de í pra casa passei
no buteco do Aristide. Entrei cumprimentano todo mundo pruque tavo cum pressa: "Boa noite pra todos gente!". Tava lá o Chico, o Mané Zoreia, o Arruda, enfim... u'as pár de gente. Corri no barcão, pedi u'a pinga e virei na guéla ali memo. É que eu tavo cum pressa de chegá em casa, e tamém o fio do Pacheco, meu cumpanhero na lida, tava cumigo e eu num quiria di azucriná muito o menino. Pedi pu Aristide u'a mão de farinha, virei na boca e entornei depressa o resto da pinga. Aí foi só enfiá a mão no borso, pegá uns mi'rréis e pagá o home. Qué dizê,... fiz tudo muito correno pruque tava avexado. Do jeito que entrei sai. Cumprimentei todo mundo de novo e me arranquei pela porta da frente pruque o menino táva me esperano cá bicicreta na mão, que as veis eu perfiro mais a bicicreta du que o cavalo, se bem que naquele dia eu rependi da escoia pruque o menino era muito dos lerdo. Ia capengano pelos camim, e eu já véio c'as perna milór que as dei. Vai daí que quando tavo montano na bicicreta foi que arreparei no véio Damião que tava assentado num banquinho junto da porta. Apiei depressa e corri a cumprimentá o home já que eu ainda num tinha visto ele encostado ali: "Oi seu Damião, comé que vai o sinhô, tá tomano a fresca?". E fiquei ali proseano um poco inté que me despedi. Memo assim ele inda me disse quando eu tavo de saida:
_ Éeee... seu Joaquim, qué dizê c'ocê num tinha me arreparado hein!...
_ É pro módi da pressa seu Damião, mais otro dia a gente cunversa mais, inté logo! Fica c'um Deus. Ispriquei du jeito que pudi, peguei meus trem c'o menino, montei na bicicreta e saí... Mais de longe, inté eu subí a rua intera, reparei que o véio Damião ficô me oiano pela estrada. Inté eu desaparecê por tráis do "morro das coruja" eu assuntei qu'ele que me espiava c'os zóio do tamanho d'umas bola de vrido. Vai que quando eu tavo lá pras banda do riacho doce, que é aquele fio d'água que passa pelas terra do Olivino, comecei a senti u'a cocera disgramada na bunda. Eu coçava coçava e num dava jeito, aí pedi po menino pará um poco e me esperá em quanto eu ia no mato vê o que era. "Deve de sê um rudulêro!", pensei arto. Mais escrafunchei, escrafunchei... e num tive módo de sabê o que que era. Aí amontei de novo na bicicreta e cabei de chegá em casa. Quando pedi pá muié dá u'as oiada o negóço já tava era oiano... tava criano uns oin assim em vorta do "sopradô" e ardeno como se arguém tivesse esfregado sumo de pimenta. Óia,... eu digo proceis que passei foi apurado. As "nascida" tomaro conta das parte que eu passei foi már. Tive que ficá muitos dia c'o trasêro prá riba aí ó... sem podê usa nem cárça pro módi das dô... a muié sózinha contô pra mais de cem "nascida". Ai, dispois de um meis sofreno feito um porco cheio de bicho, foi que as coisa sarô, mais inté hoje tenho as marca cá comigo. Óia,... passei os trem da farmácia, lambusei tudo c'os mato da terra, mais cabô que sarô. Foi ai que me falaro que aquilo só podia de sê coisa feita, e eu comecei ispritá que era memo. Não que eu gostasse de mexê c'esses trem, mais suspeitei memo d'arguma coisa e arresorvi í atrais d'um curadô que tinha aqui p'réssas banda pra vê o que que o home dizia. Cabei ino no tár curadô e mostrei p'rele os arrazo que aquele tróço tinha feito ni mim. O home mexeu u'a vida lá, rivirô uns pó preto que táva lá drento d'um vrido e terminô concordano que tinha sido coisa feita memo. Só dispois de muito azucriná ei foi que ei contô quem tinha sido. Fiquei abobado. É craro qu'eu tinha minhas disconfiança mais num queria er'acreditá nu'a coisa daquela. Peguei e priguntei pr'ele se num tinha jeito de fazê c'o safado daquele véio o que ele tinha feito cumigo: _ Cê acha que dá pra castigá quem já tá fedeno dibacho da terra? Ele me disse. Foi ai que eu entendi que o véio Damião já tava era morto memo.
( O narrador tira o chapéu, olha para o alto, e conclui depois de um sorriso escarninho...)
_ Agora é c'as justiça de Deus!...
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